LGPD COMO DIFERENCIAL PARA AS ESCOLAS – A CONFIANÇA DOS PAIS
A escolha da escola dos filhos certamente é uma decisão muito importante para os pais, que analisam todos os aspectos antes de tomar a decisão que pode definir o futuro dos pequenos.
Qualidade do serviço, estrutura, qualificação dos professores, preço, segurança e vários outros pontos são fundamentais para a escolha mas, definida a instituição, qual é o motivo fundamental que leva os pais a manter seus filhos naquela escola por muitos anos? Confiança!
Para os pais, seus filhos são indiscutivelmente seu bem mais precioso e, tendo a plena confiança na escola que escolheram, os mesmos conseguem ter a tranquilidade e segurança que, nestes novos tempos, lhe são tão valorizados.
E, em se tratando de confiança, um dos aspectos mais importantes que os pais levam em conta (senão o mais), é a segurança das crianças.
No entanto, hoje em dia a segurança vai muito além de muros altos e vigilância, pois com o crescimento exponencial do mundo digital, há outros aspectos que precisamos tomar o máximo de cuidado possível.
É certo que hoje vivemos duas vidas, uma no mundo real e outra no mundo digital (onde permanecemos cada vez mais). Facebook, Instagram, Twiter, Amazon, Google, Uber, entre milhares de outros são alguns dos ambientes que “vivemos”, fazemos amigos, adquirimos bens e serviços e, atenção, corremos grandes perigos.
Nossa presença digital torna-se cada vez maior e os nossos DADOS são vistos como mercadoria de alto valor, tanto para as empresas regulares quanto para pessoas com interesses escusos.
E, falando-se de dados digitais, as escolas são definitivamente um dos locais onde os pais mais têm de compartilhar informações sobre seus filhos, sendo que esse aspecto gera enorme responsabilidade para as escolas.
Nome da criança, endereço, data de nascimento, nome dos pais, CPF, Certidão de Nascimento, fotos, plano de saúde, condições clínicas e psicológicas, notas, desempenho escolar e ocorrências disciplinares, são apenas alguns dos dados que as escolas têm sob sua reponsabilidade e cujo “vazamento” poderia trazer sérias consequências.
Imagine um funcionário seu compartilhar em um Grupo de Whatsapp que o filho de “fulano de tal” é portador de uma síndrome ou tem alguma condição que o diferencie dos outros e tal informação, que expõe a criança e a família, comece a ser difundida.
Certamente, tal fato seria uma quebra total de confiança e poderia gerar implicações cíveis e criminais para a instituição e até mesmo para a pessoa física dos seus gestores. No entanto, além do risco do prejuízo em milhares de reais (que pode ser recuperado de alguma forma), há um que pode abalar de forma irrecuperável o nome da escola: sua credibilidade.
Quando falamos em confiança e credibilidade, essas qualidades são aspectos que só se obtém com muito trabalho ao longo do tempo, mas que podem ser perdidas em um instante, por uma pequena falha ou detalhe e cuja recuperação será ainda mais árdua que sua construção, quando for possível.
É neste ponto que a aplicação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) nas escolas precisa ser encarada muito além de um custo ou obrigação, mas sim um diferencial competitivo.
Escolas que estejam plenamente preparadas a coletar, tratar e proteger os dados de seus clientes, sejam os adultos ou as crianças, obedecendo padrões de compliance bem elaborados dentro das exigências da LGPD sairão na frente na conquista da confiança dos clientes atuais e dos novos também, pois este será um aspecto cada vez mais valorizado pelos pais nesses tempos modernos.
Na contramão, escolas que optarem a não dar o tratamento necessário ao tema, correrão o risco não apenas de ficar fora da Lei e ser alvo de punições, mas também, de por em risco sua credibilidade e sua existência, cabendo aos gestores tomar a decisão em qual lado querem estar.
Rodrigo Calegari Feldhaus – Advogado e Presidente da AEPESC – Associação das Escolas Particulares de Educação Infantil de Santa Catarina